quinta-feira, 15 de março de 2012

Giger

Sem dúvida, o monstro que mais marcou minha infância foi o "alien". Desenhada pelo artista suíço H.R. Giger para o filme de Ridley Scott (Alien - O oitavo passageiro, no Brasil), a criatura vem povoando os pesadelos de milhares de pessoas desde 1979. Claro que, na época, eu não sabia nada sobre os bastidores do filme, já que ele foi lançado no mesmo ano que eu. Só fui ter mais claramente a idéia do monstro quando assisti a continuação, "Aliens", que causou uma impressão muito forte. Eu ainda não tinha noção disso, mas havia me identificado muito com os traços do alien, que desenhei inúmeras vezes por muito tempo e que teve alguma influência em muitos dos meus desenhos de monstros dali para frente. A partir daqueles dois filmes, a nossa idéia de "futuro", acabou se tornando, talvez, um misto daquilo com Star Wars - embora a história do segundo tenha se passado "muito tempo atrás...".
Veja bem, na década de 80 e parte da de 90, não tínhamos internet (alguém já ouviu falar em BBS?) e os livros de arte no Brasil eram escassos e caros, então fazia só uma vaga idéia de que alguém deveria ter desenhado aquilo. Outro problema era que, talvez por ser escuro demais ou "pop" demais, Giger nunca foi o pintor preferido das aulas de educação artística ou das escolas de arte que frequentei - mesmo alguns críticos torcem o nariz para a arte dele, o chamando desdenhosamente de "ilustrador" ou dizendo que seu trabalho é de "mau gosto". O primeiro argumento é, no mínimo, pueril, já que grandes artistas como Portinari, Doré e Dali, entre muitos outros, também faziam ilustrações. O segundo, é só juízo de valor.
Por essas e outras, só muito papel sulfite depois fui conhecer, de fato, o trabalho do cara, que me impressiona até hoje. Ele diz que muitas de suas pinturas são inspiradas em pesadelos e medos de infância. São repletas de corredores, passagens escuras, paisagens lúgubres e figuras baseadas em formas humanas, principalmente femininas. Sua obra é, realmente, escura e um pouco perturbadora, mas nem só de Romero de Brito vive o mundo.
Valeu, Giger, por dar forma a muitos pesadelos e preencher umas tantas sombras com seu belo monstro.


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