quarta-feira, 23 de março de 2011

leite de magnésia blues


Tem vezes que uma música meio que te persegue. Você nem percebe, mas ela fica atrás de você por dias, espreitando, repetindo um refrão aqui, um riff ali e de repente ela meio que fica em algum lugar da sua cabeça. Esses dias tem acontecido isso com uma música de um cara que detesto. Ela tem tocado numa propaganda qualquer, ou alguém estava ouvindo no carro, sei lá. Aí, de repente, me dei conta de que essa musiquinha de merda, por mais que eu odeie admitir, tem algum significado para mim: era uma das preferidas do meu amigo Gustavo.
É um dos caras mais engraçados que já conheci. Ao contrário da maioria das pessoas que tem esse senso de humor rápido, ele raramente era cruel com os outros e boa parte das suas piadas era sobre ele, mesmo – e admito que era impossível não rir das situações embaraçosas nas quais ele se metia sempre, SEMPRE por causa de mulher. Além disso, era um puta músico, compunha, tocava vários instrumentos e amava seu baixo. E Bon Jovi. Nunca entendi como um cara tão criativo pudesse gostar de uma coisa tão bunda. Sim, eu zuava com ele. Muito. E, mesmo assim, a gente ia ver ele tocar num buraco ou quermesse qualquer e dedicar "Living on a prayer" para uma menina que ele convidou e que talvez nem estivesse na platéia. Depois a gente sentava em algum boteco e ficava tocando, bebendo e falando besteira.
Nunca vou esquecer o dia em que, contrariando todo bom-senso, nossa “banda” ia entrar no palco sem baixista, com apenas três músicas ensaiadas e, minutos antes, o Gustavo aparece carregando seu baixo e, pensando bem, a gente se divertiu pra caralho naquele palco.
Espero que esteja se divertindo com as setenta e tantas virgens – e que você já tenha conseguido fazer com que alguma deixasse de ser.